Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a posição do Brasil no ranking mundial de educação com base em dados divulgados em 2019, especialmente os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A análise evidencia os desafios persistentes enfrentados pelo sistema educacional brasileiro, como baixa proficiência em leitura, matemática e ciências, desigualdade de acesso e investimento insuficiente em infraestrutura e formação docente. Além de identificar os problemas, o texto sugere caminhos para a superação por meio de políticas públicas consistentes, foco na equidade e valorização do professor.

Introdução

A qualidade da educação é um dos pilares para o desenvolvimento sustentável de uma nação. Avaliar o desempenho educacional dos países é fundamental para compreender seus desafios estruturais e propor soluções que promovam equidade e excelência. O Brasil, como país de dimensões continentais e profundas desigualdades sociais, enfrenta há décadas dificuldades em alcançar resultados expressivos nos indicadores internacionais de qualidade da educação.

Entre as ferramentas de avaliação mais relevantes está o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), realizado a cada três anos pela OCDE. A edição de 2018, cujos resultados foram divulgados em 2019, avaliou estudantes de 79 países em leitura, matemática e ciências. A posição ocupada pelo Brasil neste ranking mundial gerou ampla discussão no meio acadêmico, político e social.

Este artigo propõe uma análise crítica desses dados, buscando entender o que eles revelam sobre o sistema educacional brasileiro e quais caminhos podem ser trilhados para sua transformação.

Desenvolvimento

Resultados do Brasil no PISA 2018 (divulgado em 2019)

O Brasil ocupou a 57ª posição em leitura, 70ª em matemática e 66ª em ciências, entre os 79 países participantes do PISA 2018. Os dados mostraram que os estudantes brasileiros, com 15 anos de idade, apresentaram desempenho abaixo da média da OCDE em todas as áreas avaliadas.

Em leitura, apenas 2% dos alunos brasileiros alcançaram níveis avançados de compreensão textual, enquanto 43% ficaram abaixo do nível básico de proficiência. Em matemática, cerca de 68% dos alunos não atingiram o nível mínimo esperado de habilidades, demonstrando dificuldades em resolver problemas simples. Em ciências, a taxa de alunos com desempenho insuficiente ultrapassou 55%.

Esses resultados refletem a fragilidade da aprendizagem nas escolas públicas e privadas, com uma clara relação entre desempenho e contexto socioeconômico.

Fatores que explicam o desempenho brasileiro

  1. Desigualdade educacional: O Brasil apresenta grandes disparidades entre regiões, redes de ensino e classes sociais. Alunos de escolas privadas superam largamente os das escolas públicas nos testes internacionais, o que escancara o abismo da equidade.

  2. Formação e valorização dos professores: Muitos docentes atuam sem formação adequada na área em que lecionam. Além disso, baixos salários, jornadas exaustivas e falta de apoio pedagógico comprometem o engajamento profissional.

  3. Infraestrutura escolar deficiente: Falta de bibliotecas, laboratórios, acesso à internet e materiais didáticos de qualidade impactam diretamente o processo de ensino-aprendizagem.

  4. Currículo e metodologias ultrapassadas: Muitas escolas ainda utilizam práticas pedagógicas centradas na memorização, sem estimular o pensamento crítico, a resolução de problemas ou a interdisciplinaridade.

Comparações internacionais

Os países que ocupam as primeiras posições no ranking, como China (Pequim, Xangai, Jiangsu e Zhejiang), Cingapura, Estônia e Canadá, apresentam políticas educacionais focadas na valorização docente, gestão eficiente dos recursos, alto investimento por aluno e uso de metodologias inovadoras.

A Estônia, por exemplo, se destacou com um dos melhores desempenhos da Europa, mesmo tendo um PIB menor que o do Brasil. Isso mostra que o sucesso educacional está mais ligado à eficiência da política pública do que ao volume de recursos disponíveis.

Conclusão

A posição do Brasil no ranking mundial de educação, conforme os dados do PISA 2018 (divulgados em 2019), revela um cenário preocupante, mas não irreversível. Os desafios são grandes, mas conhecidos: desigualdade, baixa qualidade na formação docente, infraestrutura precária e métodos pedagógicos defasados.

Para mudar essa realidade, é necessário um pacto nacional pela educação, com políticas públicas de longo prazo, baseadas em evidências e compromissadas com a valorização dos profissionais da educação. A Maçonaria, como instituição que valoriza o conhecimento, a justiça e o progresso social, reconhece na educação a principal ferramenta de transformação da humanidade.

Mais do que subir em rankings, o Brasil precisa garantir a todos os seus cidadãos o direito a uma educação de qualidade, capaz de formar indivíduos autônomos, críticos e conscientes de seu papel na construção de um país mais justo e desenvolvido.

Referências Bibliográficas

  1. OCDE. Resultados do PISA 2018: Brasil. Paris: OECD Publishing, 2019. Disponível em: https://www.oecd.org/pisa/publications/

  2. INEP. Relatório Nacional – PISA 2018. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2019.

  3. SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.

  4. CNE. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2017.

  5. UNESCO. Relatório de Monitoramento Global da Educação 2019. Paris: UNESCO, 2019.

  6. GATTI, Bernardete A. Formação de Professores: condição para uma educação de qualidade. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

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