Resumo
Este artigo apresenta uma proposta metodológica inovadora, o “Ciclo de Gestão Viva”, adaptada ao contexto maçônico, com o objetivo de promover o desenvolvimento progressivo de competências e virtudes essenciais ao caminho iniciático. Estruturado para acompanhar a jornada simbólica de Aprendizes, Companheiros e Mestres, o método propõe uma combinação entre tradição e inovação pedagógica, aliando vivências práticas, simbólicas e digitais. O enfoque está no engajamento dos irmãos, no fortalecimento dos vínculos fraternais e na construção coletiva do saber iniciático por meio de desafios cíclicos e colaborativos.
1. Introdução
A Maçonaria, enquanto escola de virtudes, requer mais do que a simples repetição de rituais. A verdadeira formação maçônica deve levar o iniciado à vivência de valores, à lapidação constante do ser e à aplicação prática dos ensinamentos filosóficos. No entanto, muitos irmãos enfrentam dificuldades em compreender o sentido de cada grau, o que exige metodologias que ajudem a tornar essa jornada mais compreensível, experiencial e progressiva. O “Ciclo de Gestão Viva” nasce como uma proposta que integra teoria, prática e valores maçônicos num modelo dinâmico, didático e ritualisticamente respeitoso.
2. Fundamentação Simbólica e Pedagógica
O modelo se baseia em quatro fundamentos:
- Progressão Simbólica: Cada grau da Maçonaria representa uma etapa de desenvolvimento. O Aprendiz trabalha o autoconhecimento; o Companheiro, a ampliação do saber; e o Mestre, a transmissão da sabedoria e liderança. O método respeita esses ciclos.
- Aprendizagem Ativa: Baseia-se na ideia de que o conhecimento é mais eficaz quando construído na prática. A vivência em grupo fortalece o aprendizado pela troca e pela ação conjunta.
- Ciclos de Missões Iniciáticas: Cada grupo realiza uma série de tarefas cíclicas (mensais ou lunares), alinhadas ao conteúdo de seu grau.
- Integração entre Tradição e Inovação: Utiliza ferramentas modernas (como quadros colaborativos, roteiros digitais e reflexões orientadas) sem perder a essência ritualística.
3. Etapas do Ciclo por Grau
3.1. Aprendiz Maçom Objetivo: Reconhecer a pedra bruta e iniciar a lapidação de si mesmo. Atividades sugeridas:
- Diário de lapidação (registro pessoal de progressos e dificuldades)
- Reflexões orientadas sobre os três pontos da Maçonaria e os instrumentos de trabalho
- Criação de um plano de aprimoramento pessoal (ética, disciplina, pontualidade)
3.2. Companheiro Maçom Objetivo: Construir pontes entre o saber interno e o mundo externo, desenvolvendo raciocínio lógico, intelectual e espiritual. Atividades sugeridas:
- Estudos dirigidos sobre as ciências liberais com aplicação prática
- Desenvolvimento de pequenos projetos em dupla (pesquisa simbólica ou estudo comparado de ritos)
- Criação de uma ponte simbólica: como unir razão e emoção na prática maçônica
3.3. Mestre Maçom Objetivo: Transmitir sabedoria, liderar com humildade e servir como exemplo de virtude. Atividades sugeridas:
- Mentoria simbólica: acompanhar aprendizes ou companheiros com escuta ativa
- Proposição de soluções para problemas administrativos, harmônicos ou rituais da Loja
- Desenvolvimento de uma peça de arquitetura que sintetize sua trajetória até o momento
4. Dinâmica do Ciclo de Gestão Viva
Cada ciclo lunar ou mensal compreende:
- Desafio ritualístico ou simbólico (proposto pelo Venerável ou por uma Comissão de Educação)
- Execução da missão pelos grupos divididos por grau
- Partilha dos aprendizados em Sessão de Instrução
- Registro e avaliação reflexiva (sem caráter punitivo, mas com feedbacks construtivos)
- Reconhecimento fraterno, reforçando a motivação dos irmãos
5. Resultados Esperados
A proposta visa:
- Facilitar a compreensão dos símbolos por meio de vivências
- Desenvolver habilidades como liderança, oratória, escuta, disciplina e fraternidade
- Promover a integração entre os graus, respeitando suas particularidades
- Reforçar o compromisso dos irmãos com o crescimento pessoal e coletivo
6. Considerações Finais
O Ciclo de Gestão Viva é mais do que uma metodologia: é uma ferramenta de crescimento interior e coletivo. Ao respeitar os fundamentos simbólicos da Maçonaria e integrá-los com métodos contemporâneos de aprendizagem, ele oferece uma forma acessível, profunda e eficaz de tornar o caminho maçônico mais significativo. Em um mundo em constante mudança, é essencial que as Lojas continuem sendo espaços de formação de homens livres, conscientes e comprometidos com a Verdade.
Referências
CASTRO, J. A. A gestão de competências e sua articulação à gestão estratégica de recursos humanos. Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. FERNANDES, A. A formação iniciática: simbolismo, tradição e modernidade na Maçonaria. São Paulo: Madras, 2012. CAVALCANTE, V. F. R. et al. Gamificação no ensino superior: estudo na formação em Administração. Research, Society and Development, v.11, n.10, 2022. COMIN, L. C. et al. Metodologias ativas aplicadas à Administração e áreas afins. Revista da UFSCar, 2023.