Resumo

Este artigo analisa a evolução da educação brasileira da educação básica à universidade, do ano 1900 até os dias atuais, com ênfase especial na eficiência do aprendizado em cada período. São discutidos os principais marcos históricos, reformas educacionais e desafios enfrentados pelo sistema de ensino brasileiro. Utiliza-se como base teórica autores como Saviani, Cunha, Soares, Gentili, além de dados do INEP, IBGE e UNESCO.

Palavras-chave: educação brasileira, políticas públicas, ensino superior, ensino básico, eficiência da aprendizagem.


1. Educação Excludente no Início do Século XX (1900–1930)

Neste período, a educação era reservada à elite. Apenas 20% da população frequentava a escola, e o analfabetismo ultrapassava 70% (IBGE, 1920). A escola primária tinha forte influência religiosa, sem método científico de ensino.

“A educação era um privilégio de classe, incapaz de promover qualquer processo real de aprendizagem para a maioria da população” (SAVIANI, 2007, p. 56).

Eficiência do aprendizado: extremamente baixa. A memorização mecânica e a ausência de formação docente limitavam severamente o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. A evasão era elevada, e poucos concluíam o curso primário.


2. Era Vargas e o Projeto dos Pioneiros (1930–1945)

A criação do MEC (1930) e o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) trouxeram novas ideias pedagógicas. O ensino passou a ser defendido como direito e instrumento de cidadania.

“Os pioneiros enxergavam a escola como um meio de transformação social, mas enfrentavam resistência de uma sociedade ainda autoritária” (CUNHA, 1980, p. 114).

Eficiência do aprendizado: moderada. O acesso foi ampliado, mas o impacto no aprendizado foi limitado. Muitos professores ainda não tinham formação adequada, e o material didático era escasso.


3. A LDB de 1961 e a Busca por Organização (1946–1964)

Com o fim do Estado Novo, novas discussões educacionais emergiram, culminando na LDB nº 4.024/1961. Essa lei procurou padronizar a estrutura do ensino e ampliar o acesso.

“A LDB representou um marco normativo importante, mas sua aplicação revelou a distância entre a teoria legal e a prática educacional” (SAVIANI, 2007, p. 131).

Eficiência do aprendizado: baixa a moderada. Apesar da tentativa de modernização, os resultados em aprendizagem continuavam tímidos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.


4. A Ditadura Militar e o Ensino Tecnocrático (1964–1985)

A educação foi tratada como ferramenta de desenvolvimento econômico. O ensino técnico foi priorizado e o ensino superior reorganizado com foco em produtividade.

“A lógica tecnicista reduziu a função educacional à formação de mão de obra, limitando o desenvolvimento crítico dos estudantes” (GENTILI, 1995, p. 33).

Eficiência do aprendizado: aparente aumento na eficiência quantitativa (mais alunos matriculados), mas baixa qualidade do aprendizado. Os dados do Mobral mostram que poucos adultos alfabetizados mantinham a leitura funcional após um ano (MEC, 1974).


5. Democratização e Ampliação de Acesso (1988–2000)

A Constituição de 1988 consagrou a educação como direito universal. A LDB de 1996 e o Fundef contribuíram para maior descentralização e foco no ensino fundamental.

“A universalização do acesso não veio acompanhada de estratégias para garantir aprendizagem efetiva” (SOARES, 2020, p. 87).

Eficiência do aprendizado: limitada. Embora mais crianças estivessem na escola, as taxas de repetência e abandono permaneciam elevadas. O ensino era pouco atrativo, e as avaliações de leitura e matemática mostravam baixos níveis de proficiência.


6. Avaliação, Inclusão e Novos Desafios (2000–2015)

Com o Enem, ProUni e Reuni, o Brasil democratizou o acesso ao ensino superior. A criação do Ideb permitiu medir o desempenho dos estudantes com regularidade.

“O Ideb revelou que muitos estudantes não conseguem alcançar níveis satisfatórios de proficiência, mesmo após anos de escolaridade” (SOARES, 2020, p. 103).

Eficiência do aprendizado: melhor mensurada, mas ainda deficiente. Em 2015, apenas 28% dos estudantes do 5º ano atingiram proficiência adequada em matemática (INEP, 2016). A ampliação de vagas não foi acompanhada da melhoria pedagógica correspondente.


7. Pandemia e Colapso Educacional (2020–2022)

A pandemia da COVID-19 interrompeu as aulas presenciais, gerando uma crise sem precedentes na aprendizagem. A falta de internet e dispositivos agravou as desigualdades.

“Mais de 5 milhões de estudantes ficaram sem acesso ao ensino remoto adequado no Brasil” (UNESCO, 2022, p. 9).

Eficiência do aprendizado: gravemente comprometida. Avaliações diagnósticas realizadas em 2022 mostraram retrocessos equivalentes a dois anos na aprendizagem de leitura no ensino fundamental (Todos Pela Educação, 2022).


8. Reformas Recentes e Caminhos para o Futuro (2023–2025)

A implementação do Novo Ensino Médio e o uso de tecnologia visam tornar o aprendizado mais significativo. A BNCC tenta alinhar o currículo às competências do século XXI.

“A eficiência do aprendizado depende menos de reformas estruturais e mais da capacidade de formar e apoiar o professor” (MARCELO GARCÍA, 2021).

Eficiência do aprendizado: em processo de reconstrução. Há sinais de melhora com programas de reforço escolar, mas ainda é cedo para resultados consolidados. A avaliação contínua e o suporte psicopedagógico são essenciais.


Conclusão

A educação no Brasil evoluiu significativamente no aspecto da quantidade, mas a eficiência do aprendizado ainda é um desafio estrutural. O sistema tem demonstrado fragilidade na formação de competências básicas, principalmente entre os mais vulneráveis.

É urgente investir em políticas públicas que associem acesso com qualidade, fortaleçam a formação docente e incentivem práticas pedagógicas inovadoras e contextualizadas.


Referências

  • SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Autores Associados, 2007.

  • CUNHA, Luiz Antonio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. Francisco Alves, 1980.

  • GENTILI, Pablo. Pedagogia da exclusão: crítica ao neoliberalismo em educação. Vozes, 1995.

  • SOARES, José Francisco. Indicadores educacionais no Brasil: avanço ou estagnação?. Ensaio, 2020.

  • UNESCO. Relatório de Monitoramento Global da Educação. Paris: Unesco, 2022.

  • INEP. Resumo Técnico – Ideb 2015. Brasília: MEC, 2016.

  • TODOS PELA EDUCAÇÃO. Impacto da pandemia na aprendizagem. 2022.

  • GARCÍA, Marcelo. Formação de Professores: para uma mudança pedagógica. Porto Editora, 2021.

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