Resumo

Este artigo discute a educação como um poderoso instrumento de formação ideológica, social e política, conforme proposto por Gary DeMar em Quem Controla a Escola Governa o Mundo (2017). O objetivo é refletir sobre como o domínio do sistema educacional pode ser utilizado para moldar valores, comportamentos e estruturas de poder em uma sociedade, destacando os riscos de uma educação sem pluralidade e defendendo o papel ativo da família e da comunidade na formação das futuras gerações. Estabelece-se ainda uma analogia com os princípios da Maçonaria brasileira, que historicamente valoriza a instrução como pilar da liberdade e do progresso.

Introdução

A educação é frequentemente entendida como um direito universal, um caminho para o desenvolvimento pessoal e social. No entanto, é preciso reconhecer que ela também pode ser um instrumento de controle ideológico. Quem define o currículo, os métodos de ensino e os valores transmitidos exerce, de fato, um poder imenso sobre o futuro da sociedade. Gary DeMar (2017) levanta uma provocação fundamental: a escola não é neutra — ela é um campo de disputa por influência e poder.

Educação e Ideologia: uma relação inseparável

Não existe educação neutra. Toda proposta pedagógica parte de uma visão de mundo, seja ela secular, religiosa, progressista ou conservadora. Desde a escolha do que é ensinado nas aulas de história até a forma como se aborda temas contemporâneos como gênero, meio ambiente ou política, há sempre um conjunto de pressupostos orientando o processo educativo (Saviani, 1983).

Gary DeMar (2017) argumenta que, ao longo da história, regimes autoritários compreenderam essa realidade. Adolf Hitler, por exemplo, declarou: “Quem possuir a juventude, ganha o futuro.” A União Soviética de Stalin, os movimentos revolucionários da América Latina e até democracias liberais buscaram moldar o pensamento coletivo por meio da educação.

O Estado como formador de consciência

DeMar (2017) critica o que chama de “monopólio estatal da educação”, no qual o Estado decide o conteúdo e a estrutura das escolas públicas. Embora isso possa ser visto como uma forma de garantir acesso igualitário, também pode significar a imposição de uma agenda ideológica única.

Hannah Arendt (1972) já alertava que a educação moderna sofre de uma “crise de autoridade”, onde o Estado tenta formar o novo cidadão à imagem de seus interesses, sem diálogo com a tradição, a moral ou a família. A imposição de uma única narrativa educacional mina a pluralidade democrática.

A Visão Maçônica: instrução como libertação

Neste ponto, a analogia com a Maçonaria brasileira se torna especialmente relevante. A Maçonaria sempre compreendeu que a educação é o cinzel que lapida o homem bruto. Desde o período imperial, quando maçons como José Bonifácio e Rui Barbosa defendiam reformas educacionais, a instrução sempre foi vista como um pilar do progresso, da liberdade e da construção moral.

A Maçonaria ensina que “ninguém é livre se não for instruído” — uma lição que ecoa com o alerta de DeMar. Quando o Estado monopoliza a educação e impõe uma única visão, ele viola esse princípio essencial de liberdade de consciência e pensamento. A verdadeira educação, segundo a tradição maçônica, deve ser libertadora, plural e pautada na razão, não em dogmas.

Assim como nas Lojas onde se preza o debate, o estudo e o respeito à diversidade de ideias, a escola deveria ser um espaço onde diferentes visões convivem. Quando isso não ocorre, não formamos cidadãos — formamos seguidores.

A Família e a Comunidade como Resistência

Diante desse cenário, DeMar (2017) propõe que a família e a comunidade religiosa tenham papel ativo na educação. A educação domiciliar, as escolas confessionais e o envolvimento dos pais são alternativas legítimas.

Essa proposta dialoga com a visão de Freire (1968), embora sob outra ótica. Enquanto Paulo Freire propunha uma pedagogia libertadora voltada para a emancipação dos oprimidos, DeMar busca preservar valores cristãos como fundação da formação moral.

Ambos reconhecem que a educação forma consciências — e que essas consciências têm impacto direto sobre a organização da sociedade.

Educar é formar o cidadão do amanhã

A escola é o lugar onde se moldam os valores que guiarão os líderes do futuro. A forma como se ensina história, ciência ou ética constrói o senso de justiça, o pensamento crítico e o conceito de verdade dos estudantes (Saviani, 1983).

Quem controla a escola, portanto, não apenas governa o presente — molda o amanhã. O poder da educação é silencioso, mas profundo. Ele atua nas mentes jovens, definindo o que será considerado “normal”, “aceitável” ou “desejável” no futuro.

Conclusão

A educação é, sim, um instrumento de poder. Isso exige responsabilidade e vigilância. O debate sobre o controle e os valores da escola deve ser público, democrático e plural. Nenhuma sociedade pode permitir que apenas uma visão de mundo, seja ela qual for, domine o sistema educacional.

Como defende Gary DeMar (2017), é necessário restaurar o protagonismo da família, garantir alternativas educacionais e lembrar que formar cidadãos é formar consciências — e consciências moldam nações. Como já ensinaram os antigos maçons brasileiros: a educação é o alicerce da liberdade.

Referências Bibliográficas

  • Arendt, H. (1972). A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva.
  • DeMar, G. (2017). Quem controla a escola governa o mundo. São José dos Campos: Editora Monergismo.
  • Freire, P. (1968). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • Saviani, D. (1983). Escola e democracia. São Paulo: Autores Associados.
  • Silva, J. A. (2010). A Maçonaria e a Educação no Brasil. São Paulo: Editora Maçônica.
  • Grande Oriente do Brasil. (2009). Estudos sobre os princípios da maçonaria e sua influência na sociedade. Brasília: GOB.

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