Reflexões sobre a Maçonaria do Século XXI: Distopias e Utopias

Autores: Rubens Pantano Filho, Marcelo Nicoleti dos Santos, José Ricardo Ballerini Borsoi, Cesar Fidelis

Resumo

Este artigo reflete sobre a evolução da Maçonaria ao longo de três séculos de história, discutindo seu protagonismo em eventos mundiais e nacionais, como a Revolução Francesa e a Independência do Brasil. Além disso, aborda os desafios enfrentados pela instituição no século XXI, incluindo crises internas, divergências geracionais e a necessidade de adaptação às mudanças tecnológicas e sociais, especialmente diante da pandemia de Covid-19. O objetivo é levantar questionamentos e sugerir caminhos para que a Maçonaria retome seu protagonismo social.

Palavras-chave: Maçonaria, História, Distopias, Utopias, Crises Internas.


1. Introdução

A Maçonaria, uma das mais antigas sociedades discretas do mundo, surgiu há cerca de 300 anos e desempenhou um papel significativo em vários eventos históricos, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos. Seus membros ilustres, como Benjamin Franklin e Winston Churchill, atestam a influência da Ordem em diferentes épocas e lugares.

Hoje, a Maçonaria enfrenta questões sobre seu papel nos tempos pós-modernos, marcados por mudanças sociais, morais e tecnológicas. Diante dessas incertezas, este artigo não se propõe a responder a todas as questões, mas a levantar hipóteses que possam ajudar na reflexão interna sobre o futuro da Maçonaria.

2. Apogeu e Protagonismo da Maçonaria

Ao longo de sua história, a Maçonaria participou de grandes movimentos sociais e políticos. No Brasil, a Ordem esteve presente na Conjuração Mineira, na Independência e na Proclamação da República. Grandes figuras como Joaquim Nabuco e Deodoro da Fonseca estiveram entre seus membros.

Esses eventos marcaram os tempos áureos da Maçonaria, que exerceu um papel relevante na sociedade. No entanto, o questionamento que fica é: será que a Maçonaria pode recuperar esse protagonismo no século XXI?

3. Crises e Tensões Internas

A Maçonaria brasileira passou por várias cisões ao longo de sua história, como a separação do Grande Oriente do Brasil em 1927 e as disputas internas em 1973 e 2018. Embora essas divisões tenham aumentado o número de Lojas e maçons, também provocaram afastamentos e desunião entre as Obediências.

Essas crises internas revelam um problema de poder e disputas entre dirigentes, que acabam afastando a Ordem de seus princípios de fraternidade e igualdade. Mesmo assim, muitos membros continuam a manter relações fraternais, independentemente das cisões formais.

4. Maçonaria Brasileira em Tempos Atuais

Uma pesquisa realizada pela Confederação Maçônica Interamericana (CMI) em 2018 revelou que a Maçonaria brasileira enfrenta dificuldades para atrair e reter novos membros, especialmente os mais jovens. Além disso, há um choque geracional entre maçons mais velhos, que defendem a preservação dos rituais, e os mais jovens, que buscam modernização e mais conteúdo nas reuniões.

Essa pesquisa também apontou insatisfações relacionadas à má seleção de membros, disputas internas e uso inadequado da tecnologia. O desafio, portanto, é harmonizar as gerações e modernizar a Ordem sem perder sua essência.

5. A Maçonaria e a Pandemia de Covid-19

A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças significativas para a Maçonaria, forçando-a a adaptar-se ao ambiente virtual. As Lojas, que inicialmente suspenderam suas atividades, passaram a realizar sessões virtuais, permitindo encontros entre Irmãos de diferentes localidades.

Essa experiência trouxe à tona a necessidade de modernizar as práticas maçônicas e explorar novas formas de interação, sem deixar de lado os princípios fundamentais da Ordem. A pergunta que se coloca é: a Maçonaria manterá essas práticas virtuais no futuro?

6. Utopias e o Futuro da Maçonaria

A Maçonaria sempre teve como objetivo a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. No entanto, a realidade contemporânea mostra um mundo marcado por distopias, como a corrupção e a desigualdade. Para manter seus ideais, a Maçonaria deve refletir sobre suas práticas e modernizar-se, sem perder de vista sua missão de formar homens melhores.

A Ordem deve buscar maior integração entre as gerações, aprimorar seus processos de seleção de membros e promover um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e profundo. Além disso, é necessário superar as divisões internas e retomar o caminho da fraternidade.

7. Conclusão

A Maçonaria brasileira tem uma rica história de participação em grandes eventos nacionais e internacionais, mas enfrenta desafios no século XXI, como crises internas, choque geracional e necessidade de adaptação às novas tecnologias. Para reencontrar seu protagonismo, a Ordem deve repensar suas práticas, buscar a união entre suas Obediências e modernizar-se, sem perder sua essência filosófica.

A pandemia de Covid-19 foi uma oportunidade de reflexão e transformação para a Maçonaria. Agora, é preciso seguir em frente, adaptando-se às novas realidades e mantendo seus valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Referências

MOREL, F.; SOUZA, J. A História da Maçonaria. São Paulo: Editora XYZ, 2008.
SCARPARO, L. Rituais e a Maçonaria Moderna. Rio de Janeiro: Editora ABC, 2019.
ISMAIL, A. Relatório CMI 2018. Confederação Maçônica Interamericana, 2018.
SERAGIOLI, M. O Caminho do Maçom. Brasília: Editora Maçônica, 2019.

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