Resumo
O dia 23 de maio tem um significado histórico profundo para o estado de São Paulo, sendo lembrado como o marco do início do movimento constitucionalista de 1932. A data homenageia quatro jovens paulistas — Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo — mortos em confronto com as tropas de Getúlio Vargas durante um protesto exigindo uma nova constituição para o Brasil. Este episódio, embora pontual, desencadeou a Revolução Constitucionalista de julho do mesmo ano, tornando-se símbolo da resistência cívica, da luta por democracia e da identidade paulista. Este artigo revisita o contexto político-social da época, os desdobramentos do 23 de maio e sua relevância na memória coletiva brasileira.
Introdução
A história do Brasil é marcada por episódios de luta e reivindicação por direitos políticos e civis. Entre esses momentos, o 23 de maio de 1932 representa o estopim de uma das revoltas mais significativas do período republicano: a Revolução Constitucionalista de 1932. A data é especialmente relevante no estado de São Paulo, onde o movimento ganhou força e se consolidou como um dos pilares da identidade cívica paulista. O episódio que originou a revolta não apenas mobilizou milhares de pessoas, mas também deixou um legado duradouro de engajamento político e valorização da democracia.
O Contexto Histórico
Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder, instaurando um governo provisório e dissolvendo o Congresso Nacional. Tal medida causou grande insatisfação, especialmente entre as elites políticas e econômicas de São Paulo, que esperavam uma nova constituição e eleições gerais.
No dia 23 de maio de 1932, durante uma manifestação de estudantes e cidadãos na cidade de São Paulo, quatro jovens — Euclides Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo Camargo Andrade — foram mortos ao confrontarem tropas do governo federal. Suas iniciais deram origem à sigla MMDC, símbolo da resistência paulista e da luta por uma constituição.
O Movimento Constitucionalista
O assassinato dos quatro estudantes catalisou a indignação popular. Em julho do mesmo ano, teve início a Revolução Constitucionalista, com o objetivo de pressionar o governo Vargas a convocar uma Assembleia Constituinte. O movimento foi liderado principalmente por civis e militares paulistas, contando com amplo apoio popular.
Apesar de ter sido militarmente derrotado em outubro de 1932, o movimento teve grande repercussão nacional e pavimentou o caminho para a promulgação da Constituição de 1934. Portanto, o 23 de maio pode ser considerado um marco simbólico do despertar democrático no Brasil da Era Vargas.
A Memória do MMDC
Com o tempo, o 23 de maio foi consagrado como um dos principais símbolos da memória paulista. Em São Paulo, o Obelisco do Ibirapuera foi erguido em homenagem aos mortos da Revolução de 1932, incluindo os jovens do MMDC. A data também nomeia avenidas, escolas, instituições e organizações civis em todo o estado.
Mais do que um episódio local, o 23 de maio representa um momento de afirmação da cidadania e da exigência popular por um Estado de Direito. É um lembrete constante de que a democracia brasileira foi construída sobre sacrifícios e mobilizações legítimas.
Relevância Atual
Num tempo em que se discutem os valores da democracia, do federalismo e da participação popular, revisitar o 23 de maio é também refletir sobre o papel do cidadão na defesa das instituições. A luta do MMDC inspira novas gerações a se engajarem de forma ética e consciente na vida política e social do país.
Conclusão
O 23 de maio não é apenas uma data comemorativa, mas um chamado à memória e à ação. Os jovens que tombaram naquele dia representam a força da juventude engajada, o poder da mobilização e o valor da democracia. Sua história continua viva nas ruas, nas escolas e na cultura cívica do povo paulista — e deve ser lembrada em todo o Brasil como símbolo de resistência e de construção da cidadania.
Referências Bibliográficas
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