Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar a origem do comércio no Brasil, desde o período colonial até os primeiros estágios da economia nacional. O estudo destaca as trocas iniciais entre indígenas e portugueses, a estrutura mercantilista imposta pela metrópole, o papel do pau-brasil, do açúcar e do ouro na formação comercial, e a posterior consolidação do comércio interno com a independência e a abertura dos portos. Por meio de revisão bibliográfica e análise histórica, busca-se compreender como as práticas comerciais moldaram a economia e a sociedade brasileira, influenciando as relações políticas, sociais e culturais que perduram até a contemporaneidade.

Palavras-chave: Comércio, Colonização, Economia colonial, Mercantilismo, História do Brasil.

1. Introdução

O comércio desempenha papel fundamental na formação econômica e social do Brasil. Desde o início da colonização portuguesa, em 1500, as atividades comerciais estiveram vinculadas à exploração de recursos naturais e à lógica mercantilista imposta pela Coroa. As trocas, inicialmente simples, entre indígenas e europeus, evoluíram para um sistema de exportação e importação controlado pela metrópole, consolidando uma economia voltada para o exterior.
Este artigo propõe analisar os principais marcos da origem do comércio no Brasil, identificando os fatores históricos e econômicos que influenciaram seu desenvolvimento e as transformações ocorridas ao longo dos séculos XVI a XIX.

2. As trocas indígenas e o início do escambo

Antes da colonização formal, os povos indígenas já praticavam formas rudimentares de troca, baseadas no escambo — a troca direta de produtos sem o uso de moeda. Com a chegada dos portugueses, em 1500, essas práticas se intensificaram, sobretudo na troca de pau-brasil por objetos de baixo valor como espelhos, tecidos e ferramentas de metal (Prado Júnior, 1942).
Essas relações iniciais marcaram o início das atividades comerciais no território, ainda de forma assimétrica, uma vez que o valor das trocas beneficiava principalmente os colonizadores.

3. O sistema mercantilista e a economia açucareira

Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil tornou-se peça importante do sistema mercantilista português, que buscava acumular riquezas por meio da exploração de colônias. A produção e exportação de açúcar tornaram-se o eixo central da economia, com base no trabalho escravizado africano e na concentração fundiária do sistema de capitanias hereditárias e engenhos.
De acordo com Fausto (2015), o comércio colonial era rigidamente controlado por Portugal através do Pacto Colonial, que impedia as colônias de comercializarem com outros países. Esse monopólio garantiu à metrópole o controle dos preços, rotas e lucros.

4. O ouro e a diversificação das atividades comerciais

O século XVIII marcou um novo ciclo econômico com a descoberta do ouro nas Minas Gerais, alterando o centro dinâmico do comércio colonial. A mineração atraiu milhares de pessoas, estimulou o surgimento de vilas e cidades e impulsionou o comércio interno.
O comércio de alimentos, roupas, ferramentas e escravos expandiu-se pelas rotas terrestres, criando novas formas de circulação de mercadorias e capital. Segundo Furtado (2007), essa fase foi essencial para o desenvolvimento de uma economia interna, ainda que subordinada ao controle metropolitano.

5. A abertura dos portos e a formação do comércio independente

A abertura dos portos às nações amigas, em 1808, decretada por Dom João VI, marcou a ruptura com o monopólio português e o início da inserção do Brasil no comércio internacional de forma mais autônoma.
A chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro e a assinatura de tratados com a Inglaterra permitiram a instalação de casas comerciais e o aumento das importações. Esse período foi decisivo para a formação de uma burguesia comercial e o fortalecimento das cidades portuárias (Carvalho, 2008).

6. O comércio interno e a economia nacional

Com a Independência (1822) e a posterior expansão do café, o comércio brasileiro passou a se estruturar em redes regionais, conectando o interior ao litoral. As feiras, os tropeiros e o transporte fluvial tornaram-se elementos centrais da circulação de mercadorias no século XIX.
Esse processo consolidou o mercado interno e preparou o caminho para a industrialização posterior. O comércio, antes dependente da metrópole, tornou-se parte integrante da identidade econômica do país, ainda que as desigualdades sociais e regionais permanecessem evidentes.

7. Conclusão

A origem do comércio no Brasil está profundamente ligada à colonização portuguesa e ao modelo mercantilista, mas sua evolução revela a gradual formação de uma economia própria e diversificada. Desde as trocas indígenas até a abertura dos portos, o comércio foi o principal motor das transformações econômicas e sociais do país.
Compreender esse percurso histórico é essencial para analisar as bases da desigualdade econômica e os desafios contemporâneos da inserção do Brasil no comércio global. O passado mercantil deixou marcas que ainda se refletem nas dinâmicas comerciais e produtivas atuais.

Referências

  1. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

  2. FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14. ed. São Paulo: Edusp, 2015.

  3. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

  4. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1942.

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